segunda-feira, 21 de março de 2022

Dia Mundial da Poesia - 21 de março


         BASTA IMAGINAR

Basta imaginar
um pássaro para o aprisionar,
e depois imaginar o ar para o libertar
e imaginar asas para ele voar
e imaginar uma canção para ele cantar.




O PÁSSARO DA CABEÇA

Sou o pássaro que canta
dentro da tua cabeça,
que canta na tua garganta,
que canta onde lhe apeteça.

Sou o pássaro que voa
dentro do teu coração
e do de qualquer pessoa
(mesmo as que julgas que não).

Sou o pássaro da imaginação
que voa até na prisão
e canta por tudo e por nada
mesmo com a boca fechada.

E esta é a canção sem razão
que não serve para mais nada
senão para ser cantada
quando os amigos se vão

e ficas de novo sozinho
na solidão que começa
apenas com o passarinho
dentro da tua cabeça.


Manuel António Pina in O Pássaro da Cabeça e mais versos para crianças, Porto Editora, 2014.



Como é o pássaro que canta na tua cabeça, na tua garganta e que voa no teu coração? 


Desenha-o ou descreve-o e envia-nos o teu "pássaro" para besjd2014@gmail.com ou para os comentários desta publicação, para o conhecermos e divulgarmos.


Dia Internacional da Árvore 2022

A Árvore da Borracha

As árvores também se enganam,
não a somar ou a subtrair,
Mas a florir!
Nem por isso ficam preocupadas.
Há sempre uma árvore da borracha,
mesmo à mão para apagar,
os erros que dão.

 

                                   O Meu Caderno de Folhas

Tenho folhas lanceoladas,
lobadas, lineares,
redondas, sagitadas,
elípticas, ovalares,
pilosas ou ciliadas,
filiformes, triangulares,
inteiriças, espatuladas,
em forma de coração.
E folhas A4 e A5,
lisas ou quadriculadas.
Mas estas não são
para aqui chamadas.
– Ou serão?


                                                                       

Raízes


Quem me dera ter raízes,
que me prendessem ao chão.
Que não me deixassem dar
um passo que fosse em vão.
Que me deixassem crescer
silencioso e ereto,
como um pinheiro de riga,
uma faia ou um abeto.
Quem me dera ter raízes,
raízes em vez de pés.
Como o lódão, o aloendro,
o ácer e o aloés.
Sentir a copa vergar,
quando passasse um tufão.
E ficar bem agarrado,
pelas raízes, ao chão.

                                     

Jorge Sousa Braga, in Herbário,  Assírio & Alvim, 1999.


Gostarias de ilustrar alguma destas poesias? 

Sim? 

Então mãos à obra e envia-nos o teu trabalho para besjd2014@gmail.com para o conhecermos e divulgarmos.

Dia Mundial da Poesia - 21 março de 2022


João Pedro Mésseder, in Pequeno Livro das Coisas (Caminho, 2012), apresenta-nos estes poemas que nos fazem lembrar a realidade que muitas pessoas estão vivendo  e que desejamos que termine o mais breve possível.



O que pensas sobre o destino que o autor dá à espingarda e ao capacete?

Na tua opinião, como se pode evitar a guerra e viver em Paz?

Envia-nos a tua opinião ou escreve-a nos comentários desta publicação.