quinta-feira, 4 de março de 2021

A Menina do Mar de Sophia de Mello Breyner Andresen

A Menina do Mar,  da consagrada escritora Sophia de Mello Breyner Andresen, consta também das listas da iniciativa Miúdos a votos e é recomendado pelo Plano Nacional de Leitura para a faixa etária dos 9 aos 11 anos. 


"A Menina do Mar é o primeiro conto de Sophia para a infância e foi editado, pela primeira vez, em 1958.

Tendo a praia como cenário, este conto revela-nos uma história de amizade entre um rapaz e a Menina do Mar. 

Cada um vive no seu mundo, o rapaz na terra e a menina no mar, mas a curiosidade de ambos leva-os a querer partilhar essas diferenças: 

- a menina fica a saber o que é o amor, a saudade e a alegria; 

 - o rapaz aceita viver com ela no fundo do mar."

in Porto Editora


Gostas de ouvir ler?

Para ouvires esta história, vai a https://www.youtube.com/watch?v=qJyMLokcUXo






Sabes quando e como foi gravada esta história?

A Valentim de Carvalho, em 2019,  associou-se às Comemorações dos 100 anos de Sophia de Mello Breyner Andresen com vários trabalhos muito especiais, sendo um deles a reedição do  CD de A Menina do Mar, a primeira história portuguesa a ser editada em disco.

"Até essa altura, em 1961, só existiam em vinil histórias infantis narradas em português-brasileiro. 

O Encenador Artur Ramos selecionou e dirigiu os atores: Eunice Muñoz foi convidada para narradora da história, seguindo-se Luís Horta, um excelente imitador, que contribuiu com algumas das suas imitações para efeitos de sonoplastia, fazendo de caranguejo, polvo, peixe, etc.… e, por fim, as duas crianças que fizeram, também, um excelente trabalho. 

O Artur Ramos era um Director Artístico muito rigoroso e ensaiou tudo e todos muito a sério.

O Maestro Fernando Lopes-Graça compôs a música original da história, interpretada pela sua pequena orquestra de sete músicos, também estes muito bem ensaiados; gravaram tudo num só dia e ao mesmo tempo; quando alguém se enganava voltava tudo ao princípio, pois só existia uma pista de gravação!”, explicava Hugo Ribeiro, Técnico de Som, em 2004."

Adaptação de Filipe La Féria - musical: Menina do mar

Sabes onde se inspirou a autora para escrever esta história?



Lê a entrevista do professor e escritor Eduardo Prado Coelho  a Sophia:


 Pergunta: 

Quando escreve contos, ou quando escreve contos infantis, é também por ciclos de obsessões, ou por uma espécie de cálculo, ou premeditação para determinado tipo de textos?

Resposta: 
“É um bocado difícil de responder porque os meus contos para crianças surgiram (eu aliás já contei isto) quando os meus filhos tiveram sarampo e tinham que estar quietos. Eu tinha que lhes contar histórias e comecei a ficar muito irritada com as histórias que lia. Primeiro com a linguagem sentimental, com a linguagem «ta-te-bi-ta-te», etc. Então comecei a contar histórias a partir de factos e lugares da minha infância (sobretudo lugares). 

Por isso a primeira que apareceu se chama A menina do mar. Era uma história que a minha mãe me tinha contado quando eu era pequena mas que era uma história incompleta – ela tinha-me dito só que havia uma menina muito pequenina que vivia nas rochas e como a coisa que eu mais adorava na vida era tomar banho de mar, essa menina tornou-se para mim o símbolo da felicidade máxima, porque vivia no mar, com as algas, com os peixes… Então eu comecei a contar a história a partir disso. 

Depois os meus filhos ajudavam; primeiro porque não me deixavam parar e segundo porque perguntavam: «E o peixe o que é que fazia? E o caranguejo?» Essa história foi contada oralmente, numa tarde. Depois, quando a escrevi, tentei escrever como a tinha contado, sem cair em nenhuma espécie de literatura nem de «peso». E então escrevia muito depressa, em voz alta. No fim, quando fui reler, cada frase começava «E depois…», «E depois…». Tive que passar tudo a limpo. Tentei contar exatamente como tinha contado às crianças. Depois as outras histórias, algumas foram meias contadas, meias escritas; lembro-me quando eles iam para o colégio e quando voltavam me perguntavam se já tinha escrito mais alguma coisa”.

( Entrevista de Eduardo Prado Coelho: excerto com supressões)




Capa da 1.ª edição, 1958, Edições Ática, ilustrações de Sarah Affonso 




1 comentário:

  1. Eu adorei a história, eu já tinha lido mas gostei tanto que voltei a ler

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